No quadro das atividades da Semana Europeia de Proteção do Meio Ambiente, a 26 de outubro de 2022, a Delegação da União Europeia na Guiné-Bissau realizou uma visita a Encheia. Já no dia 28 de outubro, o Embaixador da União Europeia para a Guiné-Bissau, Senhor Artis Bertulis, acompanhado de diversos membros da Delegação, visitou também as bolanhas de Takir, no Sector Autónomo de Bissau, beneficiárias da intervenção da Ação Ianda Guiné! Arrus, do Programa Ianda Guiné!
Do programa da missão em Encheia constaram visitas a N’Tchanque, Impasse e Blaftchur. Em N’Tchanque, a missão recorreu a bolanha e os diques que asseguram a não intrusão da água do mar, e observou os esforços da comunidade na modernização das bolanhas. Esta modernização passa por um ordenamento hidroagrícola organizado, diques de cintura robustos que permitem evitar a incursão de água do mar de forma descontrolada, abertura de canais e diques no interior da bolanha e, finalmente, a instalação de equipamentos para a gestão de água global na bolanha e parcela visando o controle máximo do produtor da gestão da água ganhando em autonomia e assegurando a produção.
Os visitantes observaram, também, uma zona degradada, onde as grandes marés e o corte de mangal para a recuperação de zonas de cultivo em anos anteriores resultaram na extinção dos mangais expondo os diques de proteção à força das marés e à erosão, pondo em risco a continuidade do cultivo nas bolanhas. Atualmente, com o acompanhamento do projeto, promovem-se ações de repovoamento do mangal para reverter a situação. Dependendo das zonas e da tipologia do mangal a repovoar os técnicos aconselham diferentes técnicas: repovoamento com plântulas, propágulos ou o repovoamento assistido com materiais orgânicos da zona para assegurar as condições de reprodução das plântulas. As ações de proteção da bolanha com mangal e diques robustos são essenciais para garantirem a sustentabilidade das obras e dos cultivos por estarem num espaço que, de facto, um dia foi roubado ao mar.
Os participantes visitaram a zona de Impasse, especificamente a Ponte de Comuni, uma obra essencial para a gestão da água para as bolanhas da zona, realizada sobre o meandro do canal de N’Guam, assim como uma série de obras anexas anti erosivas no canal, para garantir a sua sustentabilidade a longo percurso.

Já na comunidade de Blaftchur, a visita levou o grupo aos campos de cultivo de sementes selecionadas dos agromultiplicadores e aos campos de experimentação de técnicas agronómicas melhoradas adaptadas as condições climáticas, assim como aos campos de demonstração dos cultivos de sementes selecionadas e adaptadas ao solo local. Os produtores mostraram-se satisfeitos com a capacitação recebida em matéria de reprodução de sementes locais conforme critérios de cultivo standards do mercado, para além da melhoria no seu acesso a sementes de qualidade que asseguram um rendimento económico adicional. A adaptação de técnicas de cultivo e a experimentação junto dos produtores visa que os produtores consigam aumentar a produtividade e resistência das plantas às alterações climáticas, podendo escolher as variedades e técnicas de cultivo conforme a previsão meteorológica da temporada, tendo em consideração também a sua resistência as pragas e doenças, resistência à salinidade do solo, entre outros.
Na zona periurbana de Bissau, o Sr. Embaixador e vários membros da Delegação observaram os efeitos da erosão na beira das bolanhas, a ameaça que a construção descontrolada apresentam à zona costeira da cidade, e os riscos do impacto das alterações climáticas. Os membros da Delegação tiveram ainda oportunidade de falar com os produtores agrícolas da zona sobre as suas preocupações, satisfações e desafios face ao futuro.
A Delegação em visita pode ver no terreno como o projeto está a acompanhar os produtores e melhor compreender como se adaptam às mudanças climáticas que poem em risco o futuro da agricultura de mangal. O foco da Ação Arrus junto das comunidades é a modernização das bolanhas e, consequentemente, a boa gestão da água dentro das parcelas e globalmente. Um outro foco é a seleção varietal, que se traduz na melhoria de sementes locais adaptadas ao solo, também na partilha de técnicas com os agricultores para que tenham acesso a sementes de qualidade, escolham sementes mais adequadas ao seu terreno, e tenham bolanhas robustas e seguras que possam resistir às alterações climáticas.
A Ação Ianda Guiné! Arrus tem como objetivo principal a resiliência das comunidades face ao novo panorama de alterações climáticas, criando assim um equilíbrio e convivência saudável com o ecossistema, numa ótica de proteção do ambiente. Nesta ótica, Ianda Arrus tem desenvolvido outras atividades relevantes nas comunidades, nomeadamente: reflorestação com plantas de crescimento rápido como alternativa ao abate de árvores e a construção de fornos e fogões melhorados; a diversificação produtiva através de apicultura, fruticultura, salicultura solar e rizipiscultura, criando um vínculo de cuidado e atividades produtivas que contribuem à preservação de ecossistemas e a uma melhoria nutricional e dos rendimentos das famílias das zona beneficiárias.