Sob o tema “Guiáspora – A diáspora Bissau-guineense enquanto ator de desenvolvimento” teve lugar em Bissau nos dias 25 e 26 de novembro a Conferência Internacional, cuja reflexão incidia sobre o papel da diáspora enquanto ator de desenvolvimento.
A Conferência teve por finalidade pensar o papel da diáspora Bissau-guineense no processo de desenvolvimento sustentável da Guiné-Bissau, envolvendo entidades políticas nacionais e internacionais, bem como representantes da diáspora nacional e representantes dos coletivos de cidadãos organizados guineenses, num diálogo estruturado.
A cerimónia principal da abertura foi presidida pela Secretária de Estado das Comunidades, Salomé dos Santos, quem na sua comunicação enalteceu o importante papel que a diáspora exerce no processo de desenvolvimento da Guiné-Bissau e promete o engajamento do Governo, no que concerne o estreitamento de relação e especial atenção à diáspora. Reconheceu na ocasião que ainda há muito por fazer, referenciou as dificuldades tendentes as renovações dos documentos e o acompanhamento dos cidadãos nacionais em diferentes partes do mundo.
A União Europeia (EU) foi representada na cerimónia por Francesca Molleda, que se manifestou orgulhosa pelo êxito e o espírito do Programa Ianda Guiné, um programa multissetorial da União Europeia visando contribuir para estabilidade e paz, aproveitando dos instrumentos de cooperação disponível, para garantir os serviços básicos aos cidadãos. Molleda referenciou a reabilitação de estradas, e a intervenção nos domínios da agricultura, serviços de água e energia, e o reforço do sistema de saúde.
A representante da EU destacou a implicação prática da Ação Ianda Guiné! Djuntu que consubstancia num compromisso da EU com a sociedade civil da Guiné-Bissau, na qual se destaca a governança local. De acordo com Molleda, vários estudos realizados recomendam a integração da diáspora no processo de desenvolvimento socioeconómico da Guiné-Bissau porque a diáspora participa no processo de desenvolvimento de várias formas, exemplificando o investimento nas atividades produtivas e atuações como a do embaixador do país no exterior.
Por sua vez o representante do Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (PNUD), Tjark Marten Egenhoff, admitiu que o contributo da diáspora é expressivo no processo de desenvolvimento do país, mesmo sendo a nível das remessas para suprir as necessidades dos seus familiares. Egenhoff considerou que é necessário mobilizar sinergias entre as organizações da diáspora e com o apoio do Estado, para uma ação estruturada em termos de investimento socioeconómico. Destacou a complexidade das relações humanas entre a diáspora e o país, e o problema da rejeição nos países de acolhimento. Afirmou que uma das preocupações do PNUD é promover o desenvolvimento da Guiné-Bissau, incluindo a exploração das potencialidades e a força empreendedora da diáspora, para que o país possa caminhar nas vias de desenvolvimento sustentável. De acordo com este responsável, o PNUD e o Ministério dos Negócios Estrangeiros estão na última fase para lançamento de um website e moderação dos consulados, sobretudo em componentes digitais.
O Conselho Executivo do Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF) foi representado no ato por João Monteiro, que na sua comunicação destacou a intervenção do IMVF no apoio à sociedade civil da Guiné-Bissau, um conjunto de atividades que permite a consolidação dos atores de sociedade civil a nível de gestão das suas atividades, seja do ponto de vista económico, cultural, da produção agrícola, bem como outros projetos que intervêm nos domínios da educação e saúde. Reconheceu e salientou o apoio financeiro da União Europeia que permitiu a realização de múltiplos projetos de desenvolvimento na Guiné-Bissau. Recorreu às palavras de Mahatma Gandhi, instando a diáspora Bissau-guineense para serem a mudança que querem ver na Guiné-Bissau.
Em representação dos participantes da diáspora Bissau-guineense, Afonso Gomes, da Federação das Organizações da Guiné-Bissau em Portugal, destacou a importância da Conferência Internacional da Diáspora, e admitiu que valeu a pena a sua organização, visto que a diáspora exerce um papel significativo no desenvolvimento económico da Guiné-Bissau.
“Passamos enormes dificuldades, mas em relação a anos muita coisa melhorou e acreditamos que ainda tem muito pela frente a ser melhorado, para isso, apostamos muito nos jovens imigrantes.”
Gomes mencionou dificuldades em termos de despachos de algumas benfeitorias trazidas para oferecer à população, em que são cobradas altas taxas alfandegárias, além das burocracias. Por outro lado, considerou que as recomendações da Conferência podem ser úteis para melhorar a situação atual, admitindo ainda que o encontro de Bissau, vai permitir que a diáspora viva de perto a realidade do país.
Na cerimónia de encerramento, a Secretária de Estado de Cooperação Internacional, Udé Fati, admitiu que o resultado da Conferência pode influenciar múltiplas mudanças no que concerne a intervenção da diáspora no país. Espera que a diáspora possa ser mais consciente e mais engajada na mobilização da coesão nacional.
Por sua vez, Víctor Puerta, coordenador da Ação Ianda Guiné! Djuntu exortou o Governo à criação de condições para que seja possível a realização de mais conferências da diáspora, visto que 2023 é a data-limite da implementação do projeto. Aconselhou ainda a diáspora a aproveitar as oportunidades existentes no país. Com a intervenção da Ação Ianda Guiné! Djuntu foi possível a participação na Conferência de organizações da diáspora que atuam em vários países do mundo, entre os quais Alemanha, Angola, Brasil, Bélgica, Cabo-Verde, França, Luxemburgo, Holanda, Reino Unido e Portugal.
A Conferência Internacional da Diáspora ʺGUIÁSPORA – A diáspora Bissau-guineense enquanto ator de desenvolvimento” foi uma iniciativa da Ação Ianda Guiné! Djuntu e da Secretaria de Estado das Comunidades, em parceria com o PNUD. A Ação Ianda Guiné! Djuntu, implementada pelo Instituto Marquês de Valle Flôr, é uma das 8 Ações do Ianda Guiné! um Programa da União Europeia de oportunidades sociais e económicas para a população da Guiné-Bissau.