No dia 18 de maio, o Programa Alimentar Mundial (PAM), Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, e o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) apresentaram os resultados do seguimento da situação da segurança alimentar e nutricional do país de novembro de 2021 a maio de 2022. Esta iniciativa decorreu no âmbito do Kume dritu, uma Ação do Programa Ianda Guiné! da União Europeia.
Os resultados dos inquéritos revelaram que a situação da segurança alimentar se deteriorou de março de 2021 a março de 2022, passando de 13,9 porcento para 20,8 porcento. As regiões de Gabú, Quínara, Bafatá e Tombali são as mais afetadas, com taxas de prevalência de insegurança alimentar que variam entre 38 e 23 porcento.
De acordo com o PAM, o aumento dos preços dos principais alimentos na sequência da crise russo-ucraniana está, em certa medida, na origem desses resultados.
“A situação de segurança alimentar e nutricional encontrada em março de 2022 poderia agravar-se com o contínuo aumento de produtos alimentares e não alimentares. Além disso, as consequências da COVID-19 ainda são percetíveis nos nossos países com economias frágeis. Por outro lado, uma boa época de caju poderia aliviar as dificuldades alimentares das famílias”, explicou Pita Correia, Oficial de Nutrição do PAM, no seu discurso de abertura da cerimónia.
Os resultados mostram ainda que 55 porcento dos agregados familiares no país não têm capacidade económica para cobrir o cabaz de despesas mínimas, cujo valor per capita e por mês foi estimado em 26 225 francos CFA.
O Diretor-geral da Agricultura, Júlio Malam Injai, disse que “a atual situação alimentar do país é, no seu conjunto, muito precária e que a pobreza é a principal causa da insegurança alimentar”, não obstante “o potencial agro-silvo-pastoril e dos recursos de que o país dispõe”.
“Para o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, o SiSSAN não é só um instrumento de recolha de dados, mas também, uma escola” que está a formar “técnicos e atores em geral no domínio da segurança alimentar e nutricional”, afirmou Júlio Malam Injai.
Por sua vez, o Presidente da Rede para a Segurança e Soberania Alimentar (RESSAN), Miguel de Barros, reconheceu que o SiSSAN “é um mecanismo fundamental para ter uma convergência dos atores na visão da situação da segurança alimentar, mas também das oportunidades de investimento”, sendo indispensável a apropriação do governo na sua implementação.
Os inquéritos foram conduzidos (em novembro de 2021 e março de 2022) nas 8 regiões (Bafatá, Gabú, Oio, Quínara, Tombali, Biombo, Cacheu e Bolama-Bijagós) do país e no Setor Autónomo de Bissau. Foram entrevistados em todo o país mais de 6 500 chefes de família selecionados de forma representativa pelo INE.