Desde 2020, a Ação Ianda Guiné! Hortas tem vindo a apoiar a produção hortícola em 40 comunidades rurais das regiões de Cacheu e Oio, com o objetivo de dinamizar a produção hortícola, organizar a fileira e proporcionar mais e melhores oportunidades económicas a mais de duas mil produtoras rurais, enquadradas em clubes de agricultores familiares.
Nesta dinâmica, foram formados sessenta 60 pequenos produtores rurais jovens, entre os quais 37 raparigas, nos domínios da hortifruticultura e nutrição, com o propósito de promover melhorias na produção hortícola com a introdução de novas técnicas sustentáveis e ecológicas, com vista a aumentar a produção e produtividade, em prol da segurança alimentar e nutricional nas comunidades rurais beneficiárias do projeto. Estes jovens que no final da sua formação teórico-prática cumprem um programa de estágio, estão a causar mudanças nas suas comunidades, promovendo as boas práticas produtivas e causando grandes impactos ao nível da economia familiar e segurança alimentar.
Tal como nos conta Suzete N´bunde, horticultora de Binocule nos arredores de Cacheu, “o trabalho da horta está a mudar as nossas vidas na tabanca… a horticultura traz-nos grandes benefícios desde a alimentação, a rendimentos para o pagamento de algumas despesas da casa, como a compra de roupas, sapatos, etc., e sobretudo conseguimos pagar a escola para os nossos filhos”.
Em Ngharon, comunidade a quase 7 quilómetros da cidade de Bissorã, a horticultora Mai Mancal vê a horticultura como uma solução para as mulheres rurais. Olhando para os impactos sociais e económicos da produção hortícola, Mai Mancal, que lidera mais de 50 produtoras da horta coletiva da sua comunidade, salienta que “a horta dá-nos o que os nossos maridos não conseguem dar… hoje conseguimos satisfazer as nossas necessidades sem depender de ninguém!”. A horticultora louva os resultados da intervenção do projeto na sua comunidade, quer na melhoria produtiva, como na organizacional, facto que segundo ela lhes permite dinamizar o mutualismo ou abotas: um sistema de microcrédito através do qual conseguem gerir as suas hortas. Por isso, Mai Mancal aprecia a horticultura como uma atividade que está a transformar a sua comunidade, contribuindo significativamente para a melhoria das suas condições de vida.
Para apoiar a dinâmica das atividades do projeto nas comunidades e assegurar a sustentabilidade da produção hortícola nas comunidades envolvidas, a Ação Hortas, implementada em Cacheu e Oio pela ADPP, criou duas cooperativas de horticultores nessas duas regiões. Estas cooperativas serão responsáveis pela gestão dos dois centros regionais de processamento, conservação e comercialização de produtos hortícolas construídos no âmbito do projeto, em Bissorã e Cacheu. Além de garantir a sustentabilidade dos objetivos da Ação, estes Centros visam potencializar a fileira, criando oportunidades económicas.
O presidente da cooperativa dos horticultores da região de Cacheu, Chiquinho Tchuda, enaltece a importância da cooperativa na organização da fileira e no desenvolvimento do sector produtivo: “Estamos agora mais organizados, unidos temos mais forças de trabalhar, aumentando a produção nas nossas comunidades”. Para Chiquinho, a cooperativa está a ter intervenções importantes nas diferentes hortas coletivas, aconselhando as produtoras sobre as questões de produção, seleção de sementes e da evacuação de produtos da horta até aos mercados ou centros comerciais.
Por seu lado, o presidente da cooperativa dos horticultores da região de Oio, Domingos Nbunde, avalia a construção do centro de processamento, conservação e comercialização de produtos hortícolas, considerando que traz uma mais-valia para os horticultores porque “resolve as dificuldades de conservação, transformação, evacuação de produtos, acesso ao mercado”.
A Ação IG! Hortas, do programa da União Europeia na Guiné-Bissau Ianda Guiné, apoia mais de duas mil horticultoras, em 40 comunidades rurais de Oio e Cacheu com o objetivo de impulsionar a fileira hortícola, criando oportunidades económicas e promovendo a segurança alimentar e nutricional destas comunidades.