A falta de acesso aos mercados é um dos maiores desafios enfrentados pelos agricultores nos países em desenvolvimento, como é o caso da Guiné-Bissau. Os agricultores muitas vezes são forçados a viajar mais e gastar mais dinheiro para vender os seus produtos num mercado externo. Para resolver este problema, os senegaleses criaram a Feira Internacional de Agricultura e Recursos Animais (FIARA), que incentiva os agricultores a usar fertilizantes orgânicos, e promove a ação coletiva para abordar as deficiências no acesso ao mercado, e para melhorar os meios de subsistência e aumentar a aderência internacional a este sistema.
Com a mesma visão de resolução dos problemas de acesso ao mercado, de 4 a 9 de junho de 2022, uma equipa técnica da Ação Hortas, juntamente com feirantes da Associação das Mulheres de Atividade Económica da Guiné-Bissau (AMAE) participou na FIARA em Dacar. Esta visita aconteceu no quadro da implementação das atividades da Ação Ianda Guiné! Hortas no Setor Autónomo de Bissau (SAB), sob financiamento de União Europeia.
Esta visita tinha três objetivos:
- Explorar o aspeto de comercialização e marketing em termos agroecológicos da FIARA.
- Trocar experiências de organização com as mulheres produtoras no domínio da agroecologia.
- Identificar parceiros no domínio da produção agrícola no Senegal.
As lavradoras líderes da Guiné-Bissau participaram na Feira Internacional comercializando produtos naturais oriundos do seu país: escalada, beringela, óleo de palma, limão, moluscos secos, camarão, netetu, mel, vassouras, castanha de caju, siti malgos, faroba, malagueta, sabão preto, bagre fumado, entre outros. No relatório da visita, as participantes partilharam as suas observações sobre a Feira Internacional.
“Tinham produtos hortícolas transformados como mandioca, extrato de tomate, gengibre, milho… Tinham um banco agrícola, sistema de irrigação, representantes do ministério da agricultura, sementes hortícolas híbridas, artesanato, aves, gado e cabras.”
Em busca de parceiros agrícolas, o grupo encontrou-se na FIARA com uma agricultora de Thiès, a terceira maior cidade do Senegal. Durante o encontro falaram sobre o trabalho agrícola em Thiès, sobre agroecologia, e a importância de transformar os produtos para que estes durem mais tempo.
As visitantes da Guiné-Bissau visitaram o grupo de iniciativas e progresso social “Thiès – Gips/War”. Este foi fundado em 2004 e intervém nas áreas de desenvolvimento organizacional, microcrédito agrícola, reforço de capacidade, poupança de crédito, saúde e meio ambiente e empreendedorismo feminino com o propósito de trabalhar com mulheres, jovens e grupos vulneráveis, oferecendo serviços de apoio e aconselhamento, formações e marketing. O grupo trabalha no domínio da transformação de produtos hortícolas e defumagem de marisco.
O grupo de visitantes partilhou também os objetivos das suas respetivas organizações. Teve ainda a oportunidade de visitar 1 dos 6 campos hortícolas de aproximadamente 3 hectares da Thiès – Gips/War , onde encontraram uma grande variedade de produtos hortícolas e também um sistema de irrigação gota a gota, de momento entupido por falta de manutenção.
O grupo de visitantes encontrou dificuldades a nível dos transportes para o Senegal, alojamento na capital Dacar e conflito com os organizadores da Feira Internacional. Apesar disso, concluíram que a visita foi satisfatória pela troca de experiências e por agora compreenderem como é organizada uma feira agrícola de carater internacional. Adicionalmente, ficaram a conhecer outras organizações e redes de produtores hortícolas com as quais manterão contacto e poderão colaborar no futuro.