A Ação Ianda Guiné! Arrus, na sua componente Engenharia Rural, visa melhorar a acessibilidade da bolanha durante todo o ano, época seca e chuvosa. Trata-se de um projeto que tem por objetivo facilitar o escoamento da produção agrícola e melhorar o acesso aos serviços sociais básicos para as populações na bacia de Encheia, região de Oio, através de infraestruturas rodoviárias duráveis nas bacias de N’guan e M’bam.
Um dos maiores desafios inerentes a este projeto é certamente a localização das obras a serem realizadas. A Ação atua numa zona húmida, “roubada” ao mar, onde durante séculos o povo da Guiné-Bissau cultivou o que para eles é a base da sua alimentação, o arroz. Esta área é caracterizada por um solo argiloso e instável e, além disso, é uma área sujeita a um grande risco de inundações causadas pelas alterações climáticas e pela subida dos níveis do mar. A evolução das técnicas de construção permite a aplicação de soluções sustentáveis para a construção de infraestruturas rodoviárias em contextos complexos. importa também notar que, na concepção de pistas de terra e pontes/barragem, a dimensão social e comunitária não deve ser esquecida, sendo um aspeto prioritário do projeto.
O compromisso da LVIA, organização implementadora do Ianda Guiné! Arrus – Engenharia Rural, com os produtores de arroz das aldeias do setor de Encheia, combinado com as novas tecnologias, permitiu levar a cabo um processo participativo em conjunto com as comunidades residentes na zona de intervenção desde o primeiro momento da concepção das obras. Primeiro, a equipa de campo do Arrus – Engenharia Rural e os produtores identificaram os caminhos nos campos de arroz e foram feitos levantamentos topográficos das áreas em questão. Depois, com o apoio de consultores profissionais externos, foram realizados estudos hidráulicos, hidrológicos e geotécnicos e os objectos foram concebidos e dimensionados geometricamente. O processo envolveu uma estreita interação entre as partes em todos os âmbitos e em todos os momentos: por um lado, os produtores, proprietários dos campos de arroz, que partilharam os seus conhecimentos tradicionais de gestão da água e cultivo, e por outro lado, as duas equipas técnicas, uma no local e outra em Itália, que forneceram os conhecimentos técnicos necessários para a realização de obras duráveis e de baixa manutenção.
Este percurso definiu três grandes traços de pistas em terra com infraestruturas hidráulicas relacionadas para apoiar a gestão da água nas bolanhas, descritos abaixo:
- Estrada que liga as aldeias de Clonque e Claque e obras hidráulicas de betão com a aplicação de comportas para regular a água doce e salgada;
- Estrada que liga as aldeias de Impasse e Tchalé, ponte de betão sobre o meandro do canal de N’Guam, afluente do rio Mansoa e obras anexas anti erosão no canal;
- Estrada de ligação entre as aldeias de Boda Quitanhili e Catche e três pontes de passagem para evacuar a água da chuva de montante a jusante na bacia hidrográfica.
Seguindo a lógica de conceber objetos fáceis de construir, mas ao mesmo tempo duráveis e que não exijam grande manutenção a longo prazo, foram utilizadas técnicas de construção simples, pouco dispendiosas, mas eficazes:
- foram utilizadas geogrelhas uniaxiais para reforçar o solo; estas grelhas oferecem reforço estrutural para vias através de elevada rigidez, estabilidade e resistência;
- para reduzir o desgaste e a erosão das bermas das pistas de terra, foi calculado o ângulo de atrito mínimo das forças que atuam sobre as pistas e foi definida a sua secção transversal geometricamente dimensionada;
- a fim de reduzir o impacto das alterações climáticas e assegurar a transitabilidade da pista durante várias décadas, foram efectuados cálculos hidrológicos e, consequentemente, foi fixada a quota absoluta do pavimento da pista;
- foram concebidas obras acessórias como soleiras hidráulicas e proteção do leito do canal com pedras para evitar a erosão do canal.
Os trabalhos realizados permanecerão sob a gestão e supervisão da Direção-Geral de Engenharia e Desenvolvimento Rural, sob tutela do Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural, que é a autoridade pública associada ao projeto e organismo que foi estrategicamente escolhido para a fiscalização e que através do Ianda Guiné! Arrus está a beneficiar de apoio técnico e financeiro para reforçar as suas figuras-chave.