Metade das pessoas envolvidas nas atividades do Programa Ianda Guiné, da União Europeia, são mulheres. São os projetos de horticultura que lideram o envolvimento feminino.
Quase metade das pessoas envolvidas no Programa Ianda Guiné, da União Europeia, são do sexo feminino. De acordo com dados divulgados pela Unidade de Coordenação do programa (UdC) no mês de março, o Ianda Guiné contou até à data com cerca de 49 mil participações femininas nas atividades, o que representa 47% da população abrangida pelas diferentes Ações.
Tratam-se de mulheres apoiadas em atividades produtivas, que beneficiaram de formação, participam em organismos de gestão ou aconselhamento, ou obtiveram financiamento para a criação do seu próprio negócio.
Na sociedade guineense, os papéis de género são extremamente rígidos, marcando as diferenças vincadas entre o que mulheres e homens podem, ou devem, fazer. Essa realidade reflete-se nos projetos de intervenção, contribuindo para estruturar a composição das populações com que estes trabalham, muitas vezes de forma pouco equilibrada.
No Ianda Guiné, são as intervenções em horticultura que lideram a participação de mulheres, que chega quase a 95% no caso do Setor Autónomo de Bissau. Esta situação é coerente com a realidade do país, já que se trata de uma área fortemente feminizada. Já os projetos de infraestruturas, produção avícola e saúde apresentam taxas de participação feminina mais reduzidas, na ordem dos 30% ou menos.
Número de mulheres nas atividades do programa Ianda Guiné, por Ação/Projeto (%)
Fonte: Inquérito para recolha de indicadores de género do Programa, UdC, 2023
Do ponto de vista da presença de mulheres em órgãos de liderança, o cenário segue de perto as tendências da participação global, com um valor médio de participação de 46 % e os projetos de horticultura a mostrar uma maior representação de mulheres naquelas posições. A única diferença significativa ocorre nos projetos de infraestruturas, que mostram uma maior representação feminina nos órgãos de decisão, do que nas atividades em geral.
Esta situação parece ser fruto de decisões dos projetos, que optam por intervir diretamente na formação dos grupos de determinadas atividades (comités de gestão de pistas, grupos focais) promovendo uma maior representatividade das mulheres naquelas instâncias e, assim, contribuindo para um maior empoderamento feminino ao nível da liderança.
Número de mulheres em organismos de decisão no programa Ianda Guiné, por Ação/Projeto (%)
Fonte: Inquérito para recolha de indicadores de género do Programa, UdC, 2023
De acordo com Yusufo Menezes, da UdC, desde o início de programa que foi notória “a preocupação dos diversos parceiros de implementação em promover não só a igualdade de oportunidades para as mulheres, como também o seu empoderamento económico e a sua participação e liderança nos processos de decisão”.
Entre os dados agora divulgados, constata-se que, para além das atividades centrais dos projetos, têm sido desenvolvidas iniciativas específicas para trabalhar questões de género. Em particular, o foco parece ter estado em ações de informação e/ou sensibilização e em ações de formação. As iniciativas formativas, geralmente mais estruturadas, envolveram um total de 788 pessoas, maioritariamente do sexo feminino (424).
Foi ainda contratada uma Assistência Técnica de Género que, após uma fase de diagnóstico, criou em 2022 um plano de ação de género para o Ianda Guiné, assim como um manual prático para implementação de atividades de género, disponível desde abril de 2023.
Número de materiais e atividades de género desenvolvidos no Programa Ianda Guiné (N.º)
Fonte: Inquérito para recolha de indicadores de género do Programa, UdC, 2023
Para Menezes, não obstante algum atraso na criação das ferramentas centrais do programa para “uma intervenção integrada na área”, os resultados obtidos até ao momento são positivos. Para além disso, considera, a experiência e os instrumentos adquiridos no programa irão possibilitar, no futuro, “uma abordagem integrada e estruturada de género desde o primeiro momento da implementação”, com benefício para os resultados a obter.
Outros produtos criados no âmbito da assistência técnica são mais vocacionados para a produção de conhecimento, dando uma visão da atualidade das relações de género no Ianda Guiné e no país. Entre estes produtos encontra-se uma série de três policy briefs, disponíveis no website do programa, que discutem temas como o empoderamento económico das mulheres, liderança, participação e inclusão na gestão e tomada de decisão ou o acesso à terra e a condição da mulher no mundo rural.
Informação mais profunda e detalhada sobre a temática estará disponível brevemente, com o lançamento do estudo “Género e participação das mulheres do Programa Ianda Guiné – perspetivas e desafios de mudanças sociais”.
O Ianda Guiné! é um programa da União Europeia na Guiné-Bissau.